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domingo, 9 de junho de 2013

Equilíbrio x Instabilidade


                                                              Figura 1 (reprodução)

                                                           Figura 2 (reprodução)

As duas figuras acima tem, por princípio básico de análise, uma diferença significativa e primordial que as distinguem: a estabilidade.

A firmeza é uma necessidade psicológica e física* que assegura ao homem a sensação de que este se manterá ereto. Esta sensação de segurança tem como um de seus principais efeitos a calma e a tranquilidade, não somente expressos nos atos cotidianos dos próprios seres humanos, mas também na forma consciente e inconsciente* (intrínsecos na mente de cada indivíduo) de análise de uma composição visual.

Segundo a autora Donis A. Dondis em sua obra "A sintaxe de linguagem visual".2003. ed. Martins Fontes. São Paulo, a forma mais segura de se observar e avaliar uma figura em equilibrio ou não, é a própria intuição. Deste modo, podemos afirmar que a figura 1 está em total desequilíbrio enquanto a figura 2 em nível de perfeita estabilidade.

Esta afirmação pode ser justificada pelo fato de na primeira imagem o urubu estar sobre o lado do penhasco que conta com um leve declive, com o centro dos pés na ponta do desfiladeiro, com cascalhos rolando para baixo por - supostamente - reação à pisada, bem como o corpo do próprio urubu estar inclinado para trás enquanto os braços abertos para frente tal qual a perna direita, na busca pela recuperação do eixo gravitacional (equilíbrio), semelhante ao de alguém que sofre um empurrão e tenta se manter de pé, inclusive, contidas na expressão de alarme* inscrita no rosto do personagem, aumentando o efeito da perda da segurança. Ao contrário, a figura 2 é composta por um corpo que está totalmente firmado na superfície em que se encontra, efeito aguçado pela distribuição do peso pelos braços e pelas pernas do personagem, além da tentativa de centralização da figura ao centro da imagem, reforçando a ideia de estabilidade e segurança.

Em virtude às escolhas feitas para cada composição é possível obter, também, um efeito previamente estabelecido e imaginado pelo autor.

Na imagem 1, o chargista representa um urubu, trajando uniforme rubro-negro e utilizando um par de chuteiras com cravos, em alusão ao Clube de Regatas Flamengo que - à época da publicação da charge - atravessava um difícil momento na primeira divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol e corria risco de  "cair" (ser rebaixado) para a segunda divisão da competição, produzindo ênfase às sensações de instabilidade e risco vividas pelo clube e pelo próprio urubu.

Já na imagem 2, com a representação da paz de espírito, tranquilidade e equilíbrio - geradas pelo Ioga e pela meditação - o fotógrafo busca utilizar recursos visuais para expressar tal equilíbrio e se manter coerente à tentativa transmitir o efeito e a informação de calma próprios da prática retratada, através da busca em manter a boa distribuição do corpo na imagem e de focalizar o equilíbrio do eixo gravitacional do personagem.

Portanto, os recursos de equilíbrio e de instabilidade são capazes de reforçar e/ou de transmitir a mensagem que será captada - também inconscientemente - pelo observador.
Guilherme Augusto

Referências:
* Donis A. Dondis, A sintaxe da linguagem visual
** Imagens disponíveis na internet

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